CONTO ERÓTICO
A volta
por Joana Bastos
Sempre acreditei que dizer "adeus" seria fácil. Já haviam sido tantos "adeuses" que aquilo tinha virado rotina – mas nenhum deles era realmente tranquilo e nunca seria, porque nós duas temíamos que fosse um adeus definitivo.
Ah, minha maruja!... Havia anos que fazia roteiros e mais roteiros em alto-mar e retornava com o mesmo sorriso safado como quem diz "você sabia que eu ia voltar e agora vai resistir?". Não importava com quem eu estava, homem ou mulher: sempre ficava ofuscada pela presença daquela mulher inconstante, ficasse ela meses ou apenas poucos dias.
Quando ela surgiu na porta com a mesma regata justa de sempre e a calça que destacava sua cinturinha, pensei: "Não vou dar nem beijo. Vou ser dura como nunca fui, e nossa história vai ter um fim hoje". No entanto, fui escolher o pior lugar para o término de algo tão íntimo: meu quarto.
Ela chorou. Sabia que ia chorar, ou melhor, num primeiro momento, ia ficar impassível como se não acreditasse, porque, afinal, sempre mudo de ideia. Depois, algumas lágrimas brotariam e, por fim, soluçaria de tanta tristeza. Nesse momento, eu a abraçaria, como se tivesse tomando a pior das decisões – e, claro, nossa rotina de não-rotina voltaria ao normal.
Lágrimas depois e momentos antes de mais choro, deitamos grudadas, e a mão dela começou a roçar o meu corpo. Não pude dizer não. Aquela mão sempre quente e pequenina passando tão devagar quanto podia... Pensando na outra, para quem eu prometera amor e o fim de uma história, assenti que me tocasse daquela maneira. Aos poucos, a culpa foi dando espaço para o prazer.
Éramos criaturas quietas, que se entendiam sem palavras. Os dedos entravam na minha calcinha, mas nunca tocavam meu grelinho, e a mão voltava para o meu peito e nunca tocava o bico. Ia ficando cada vez mais malucas, mas eu, no fundo, esperava que minha vontade passasse a cada segundo.
No segundo seguinte, no entanto, tirei a camisola. Os olhos, que estavam fixos no teto, fitaram fixos com os dela, que me dizia, com aquela vozinha: "Eu sei como te dar mais tesão ainda" – e engoliu os meus seios. Chupava como um bebê.
Meu gozo veio rápido demais. Havia meses que meus biquinhos não sentiam aquela boca. Sabendo que ela estava insatisfeita, mas não teria coragem de reclamar, me joguei de boca na sua calcinha e, depois de bem provocada, chupei todos os pelinhos pretos da virilha, até chegar ao centrinho vermelho cor de sangue da minha morena, que gemia baixinho para que minha colega de apartamento não a escutasse gozar.
Minha língua penetrava e lambia cada pedacinho que se apresentava. Ela queria me beijar e não tinha o menor nojo que minha boca fosse e voltasse como quisesse. Eu me molhava só de ver a vontade de transar dela, meu dedo enfiado na boceta, enquanto chupava os lábios dela de cima e de baixo. Nada mais passava pela minha cabeça. Eu só não podia parar.
Era noite quando meus braços a enrolaram. Ela dizia que a noite sempre trazia uma boa solução para tudo. Eu esperava que assim fosse, pois, mais uma vez, não podia deixá-la partir de vez.