FETICHE
Receitas de sucesso
Conheça a história dos afrodisíacos, o que nossos antepassados já usaram e quais as novas "promessas" nesse campo
Há muito tempo, já se sabe que fantasias e fetiches são partes integrantes da sexualidade humana. Graças à nossa capacidade de pensar e usar a imaginação, as possibilidades são múltiplas e infinitas.
Embora se relacione com certos valores que aprendemos desde cedo, essa capacidade está muito além deles, e anos de repressão frequentemente não conseguem suprimi-la. A pornografia se alimenta disso e, até certo ponto, é em si mesma uma resposta à repressão.
Os afrodisíacos, de certa forma, seguem o mesmo caminho. Embora nada impeça seu uso dentro dos mais estritos “conceitos morais” – para o bem-estar de um casamento, por exemplo –, o leque de possibilidades que seu uso proporciona é muito mais vasto e pode romper muitas convenções.
É tudo "culpa" dos gregos...
A história dos afrodisíacos, assim como a da pornografia, pode ser tão antiga quanto à da própria humanidade, mas infelizmente não existe uma documentação sistemática nesse sentido.
De toda forma, a arte do Paleolítico, por exemplo, já retratava corpos nus em sua pintura. Não se sabe se as imagens tinham o cunho de “entretenimento sexual”, digamos assim, mas é possível que tivessem pelo menos um significado espiritual. Isso, entretanto, não exclui o erotismo, ao contrário do que se possa pensar.
Tomando como base a nossa civilização ocidental, foi a tradição judaico-cristã que separou o sexo da religião, pois, na Antiguidade, numerosos cultos incluíam relações sexuais em seus rituais. Em lugares como a Suméria, na Mesopotâmia (atual Iraque), havia, inclusive, as prostitutas sagradas dos templos.
Também na Grécia antiga havia cultos similares. Havia festivais dedicados à honra de Afrodite, deusa do amor, nos quais os participantes mantinham relações com as sacerdotisas.
Esses festivais eram chamados de afrodisíacos (palavra derivada de Afrodite), e era comum haver o consumo de alimentos e poções para aumentar o desejo e a intensidade das experiências sensuais.
Com o tempo, porém, o significado de “afrodisíaco” foi alterado, e a palavra passou a designar toda e qualquer substância ou alimento supostamente capaz de turbinar o prazer.
Viagra é afrodisíaco?
Muitas receitas afrodisíacas se perderam ao longo do tempo, em parte graças aos pudores de quem detinha o poder de preservá-las. Muitas, porém, conseguiram chegar até nós, seja por meio de tradição oral ou de obras como o Kama Sutra.
Resta, porém, muita pouca comprovação científica sobre seus reais efeitos, em parte por preconceito dos próprios cientistas.
Há muito tempo, por exemplo, sabe-se que, entre mamíferos, o cheiro exalado por uma fêmea em determinadas épocas funciona como estimulante para o macho. É um dos efeitos dos chamados feromônios. Os estudos a respeito do tema entre seres humanos, porém, são escassos e pouco confiáveis.
Talvez por isso a única substância com eficácia comprovada e reconhecida atualmente seja mesmo o Viagra, cujo princípio ativo é o sildenafil, testado inicialmente para combater a hipertensão.
Só que o Viagra não é afrodisíaco, porque não interfere no desejo – simplesmente torna a ereção mais fácil. Ademais, não pode ser usado livremente, pois tem efeitos colaterais em certas pessoas, como, por exemplo, cardíacos que usam medicação para dilatar as coronárias.
A maior parte dos afrodisíacos tradicionais, porém, se tomados com moderação, não causam problemas. Por isso, enquanto a comprovação científica não vem, não custa saber quais as principais substâncias usadas ao longo da história da humanidade...

Grécia antiga:
Os gregos tinham preferência por cebolas, cenouras, trufas, abacaxi, ovos e mel, mas também usavam ovas de esturjão (nosso atual caviar), lesmas, frutos do mar e certos peixes e crustáceos. Os odores não eram esquecidos: as cortesãs usavam perfume de violeta nas zonas erógenas pra estimular os clientes.
Roma:
A civilização romana acrescentou genitais de diversos bichos aos pratos gregos. Alguns dos mais prestigiados eram o veado, o lobo e o burro. Ostras, favas, cogumelos e até uma impressionante receita de pimenta com semente de urtiga faziam parte do cardápio. Nas festas, os escravos aromatizavam os quartos com perfumes e flores.
Árabes:
Condimentos exóticos para temperar as refeições estavam na crista da onda. Uma receita antiga ensinava a retirar a gordura da corcova do camelo, derretê-la e aplicá-la no pênis. Os efeitos, diziam, eram surpreendentes.
China:
O simbolismo do pênis era importante. Por isso, alimentos afrodisíacos como chifres e plantas e cogumelos que lembrassem o órgão eram frequentes. Ginseng, canela, algas, pepinos e fígados de alguns animais também eram recomendados, assim como secreções sexuais e fezes de certos animais, como ursos e touros (eca!).
Índia:
Aspargos, arroz e ovos de pardal cozidos com leite e mel, melado de leite e alcaçuz, cebolas, alho e feijão estavam entre os pratos afrodisíacos dos indianos. O Kama Sutra faz diversas referências a receitas afrodisíacas.
Ocidente:
Muitos alimentos passaram para a cultura ocidental como afrodisíacos. Alguns foram assimilados devido à sua “origem exótica” após o descobrimento das Américas, como as batatas peruanas.
Ostras, tomates e pratos com carne de corças, porcos, carneiros e salmão regados a molhos picantes tornaram-se famosos. Muitos foram usados na dinastia Tudor, na Inglaterra.
Na França, era comum condimentados, como pimenta e gengibre. Em alguns pratos – feitos com chocolate, por exemplo – usava-se a cantárida, a mosca espanhola.
O chocolate ainda hoje é considerado um afrodisíaco por muitos e os sex shops estão cheios de perfumes à base de supostos feromônios. Uma nova droga, porém, a PT-141, tem mostrado bons resultados no tratamento de disfunções sexuais masculinas e femininas e pode despontar como o primeiro afrodisíaco de eficácia verdadeiramente comprovada.