ARTIGO
Cinco mitos sobre o sexo lesbo
Mulheres que já tiveram experiências com os dois sexos surpreendem: em linhas gerais, as diferenças são insignificantes!
por Graziele Marronato
Quando questionada sobre o que é necessário para que um homem a deixe satisfeita, a jornalista Maíra Lopes (nome fictício) responde, sem medo: “Não deve banalizar a relação! Deve respeitar a parceira e, principalmente, não ter medo do desconhecido”. E uma mulher? “Acredito que seja a mesma coisa!”.
Diferentes, mas iguais
Talvez isso seja uma surpresa para a maioria dos homens, mas as mulheres – héteros, lésbicas ou bissexuais – costumam valorizar as mesmas coisas e não categorizar suas relações. “Não classifico a relação como sendo ‘relação com homem’ e ‘relação com mulher’. Na verdade, o ser humano é muito mais do que isso”, diz Maíra.
Por isso, neste texto, derrubamos alguns mitos que muitos homens têm sobre as “diferenças” entre uma transa heterossexual e uma transa lesbo a partir de entrevistas com mulheres bissexuais – que têm toda a autoridade sobre o assunto, não é?
1º mito: se uma mulher prefere outra, é porque “nunca experimentou” um homem ou os caras “não fizeram direito”
Mesmo sabendo que muita gente não se enquadra na “norma” do “papai-mamãe”, para uma mulher, nem sempre é simples aceitar o fato de que se sente atraída por outra.

Assim, a(s) primeira(s) relação(ões) costuma(m) ser com homens – e com as mesmas sensações de qualquer mulher que nunca experimentou “o outro lado”. “Fiquei muito nervosa. Era jovem, e aquilo era muito novo pra mim”, diz a professora Kátia Rabelo (nome fictício). “Medo, vontade, descobrimento, tesão, amor... Um pouco de dor”, enumera Maíra, mas, “como estava com a pessoa certa, foi muito bom”.
Na verdade, a questão crucial é estar com a pessoa certa. Maíra, que teve sua primeira vez com uma mulher depois de um longo namoro com um homem, diz que também foi “muito bom, porque estava apaixonada”.
2º mito: mulheres conhecem os corpos umas das outras; por isso, a transa é mais tranqüila
Incorreto. Se há um primeiro aspecto importante, é que mulheres também podem ser bem ansiosas na cama e na hora de se relacionar com outras. “Há homens delicados e amorosos, assim como há mulheres mais bruscas e afoitas”, diz Maíra.
3º mito: no sexo lesbo, a penetração “faz falta”
Não necessariamente. “A mulher não precisa de um ‘pau’ para gozar. Gozo sempre sem isso, e, às vezes, dependendo do tamanho, é melhor sem ele, porque machuca!”, diz novamente Maíra, que hoje namora uma mulher.
Isso não quer dizer que a penetração seja completamente descartada. “No relacionamento entre mulheres, há penetração com ou sem apetrechos, mas, sempre que puder sair da rotina, está ótimo”, diz Kátia.

4º mito: é mais difícil deixar uma mulher com tesão; então, numa transa lesbo, o sexo é mais difícil
Não é mais difícil deixar uma mulher excitada – só é necessário mais tempo. No livro Segredos de uma lésbica para homens, a jornalista Milly Lacombe faz uma bela comparação entre mulheres e futebol, citando uma partida de futebol society, para a qual é preciso se preparar bem: colocar o calção, a camiseta, meias, preparar o gramado, para, só então, botar o time em campo.
Segundo ela, assim é o sexo para uma mulher. Elas exigem preparação para que o desejo aflore. Já para o homem, o sexo é uma “pelada”: basta uma bola e um par de chinelos para começar o jogo. Na relação lesbo, duas mulheres conseguem entender isso – o que pode, isso, sim, garantir pontos extras...
5º mito: a mulher goza mais com um homem; ou, a mulher goza mais com outra mulher
Embora muitos homens não entendam as diferenças entre o society e a pelada, não é por isso que há mulheres que vivem experiências homos – e é por que razão, então?
O primeiro motivo é porque o tesão pode surgir por quem menos se imagina. O segundo é simplesmente porque sim.
“Há homens e mulheres péssimos na cama – mas eu tive ótimas experiências com os dois”, diz Maíra. “É a mesma coisa de perguntar se sexo é melhor com loiros ou com morenos. Não tem como responder. Depende da pessoa – não do sexo dela”, finaliza Kátia.