REPORTAGEM
Garotas de programa
Necessidade ou luxúria? Saiba mais sobre as profissionais do sexo, que fazem do dia a dia uma fonte de prazer e lucro.
por Vides Júnior
Estamos falando da profissão mais antiga do mundo. A prostituição, segundo relatos históricos, existe desde a antiga Mesopotâmia e era praticada por mulheres da alta classe quando perdiam seus maridos.
Incapazes de aceitar a mudança de vida e a perda dos benefícios do casamento, elas vendiam favores sexuais aos amigos dos maridos mortos para se manterem entre os nobres. A profissão atravessou as eras... Hoje, praticamente já não existem prostitutas. Elas são garotas de programa.
Assim como os refrigerantes, as garotas de programa existem em grande número e atraem uma legião de clientes ávidos por seus serviços – e, assim como os refrigerantes, que vão da Coca-Cola até os “refrigerecos”, elas também têm suas diferenças.
A televisão costuma mostrar sempre o lado frio e triste dessas profissionais. Nas entrevistas, vemos meninas escondidas sob máscaras venezianas. Muitas afirmam que chegaram à cidade grande atraídas pela diversidade de profissões e pelo sonho de sucesso. Sem as qualificações necessárias, entregues à própria sorte, passando necessidades, acabaram tendo de vender seus corpos. Pelo menos, é o que diz a tevê...
Andréa Martins, uma loira esbelta de olhos verdes, já participou de um programa em que contou sua triste história de provações, mas, atualmente, pode ser encontrada em muitos sites de acompanhantes.
Nas fotos mais ousadas, Andréa mostra os seios voluptuosos e a vulva ardente de desejo. Para nós, ela contou uma história bem diferente. “Na verdade, entrei nessa vida por luxúria. Sempre fui independente dos meus pais e sempre gostei muito de sexo”, conta, entre risinhos maliciosos. “Na faculdade, tinha uma garota que eu invejava [...]. Sempre a via com as melhores roupas, carro zero e sapatos caros. [...] Ela fazia programas. Achei aquilo o máximo! Dois meses depois, eu também já estava no ramo”.
A história de Andréa não é incomum. Grande parte das garotas acaba entrando nessa vida para suprir alguma necessidade temporária – mas, ao ganharem o equivalente a um salário mínimo em apenas uma noite ou duas, entregam-se, deixam a culpa de lado e investem no negócio.
Cíntia Moura é uma morenaça de parar o trânsito. Atende apenas em seu apartamento, no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo. Conta ela que tem um armário com sessenta pares de sapatos. No pescoço, pulsos e tornozelos, pendem correntinhas de ouro. No nariz, um pequeno diamante reluz do lado direito.
“Cobro caro pela minha companhia. O homem ou a mulher que me possuir vai encontrar uma pele macia, um cabelo sedoso e dentes brancos”, diz ela, sorrindo para mostrar o clareamento dentário que custou R$ 1 mil. “Só atendo em casa porque lá eu tenho tudo à mão. Se quiser, tenho chicotes, algemas, fantasias e acessórios diversos”, conta.
Chamegos, gozo e namoro
Ser garota de programa parece, muitas vezes, estar longe do quadro feio e triste que a mídia mostra. Na intimidade, muitas são mulheres simpáticas e humildes, sorridentes e brincalhonas. Entre os amigos, não hesitam em emprestar dinheiro – mas o que as diferencia das mulheres comuns é a libido, ou a falta dela.
Débora tem 22 anos e é garota de programa desde os 20. Atualmente, vive com César Dante, também garoto de programa. Segundo ela, o que mais gosta de fazer quando não está trabalhando é sexo (!).
“A gente sai com muito homem diferente, e, no fundo, tudo é a mesma coisa. Não é que eles sejam ruins, muito são ótimos!”, afirma ela. “Tenho um cliente fixo que me trata como namorada [...]. Quando o vejo, está de banho tomado, cheiroso, bem-vestido e tem sempre um presente pra mim. Quem não goza com um cara desses?”.
Gozar, aliás, não parece dificuldade para Lisandra, 25 anos. “A-do-ro sexo! Sou uma fetichista de carteirinha. Se o cliente quer me bater, fico pronta pra apanhar. Se quer apanhar, viro ‘a’ sádica. Masturbação, oral e anal, tudo me faz gozar. É por isso que trabalho com sexo!”, conta, rindo.
Já Débora é categórica quando fala de gozo. “É difícil... Só consigo mesmo com os clientes mais antigos. Quando passo um programa inteiro sem gozar, [...] desconto tudo no César! Chego a transar com ele quatro vezes por dia!”.
Romana, outra loira estonteante, faz programas apenas aleatoriamente. O motivo? Agora ela é casada. “Conheci o Amilton durante um programa. Eu fazia ponto na Marquês de São Vicente [N.R.: avenida em São Paulo]. Um dia, ele apareceu e fizemos um amor louco. [...] Continuou aparecendo, até que me pediu em casamento. Só topei se pudesse viver em liberdade, fazendo uns programinhas de vez em quando”.
A história de Romana também não é exclusiva. Muitas garotas de programa já tiveram sua quota de amor e sexo preenchida por clientes carentes. No caso de Romana, ela explica: “Só faço os programas quando estou na secura. Faço porque preciso de variedade. O dinheiro que eu ganho acabo gastando em presentes pra acalmar os ciúmes do maridão”.
Conclusão? Tire a sua...
Dizer que a vida das garotas de programa é fácil é, no mínimo, grosseria. Mesmo gostando de sexo a ponto de transformá-lo no seu ganha-pão, não parece fácil dormir com qualquer estranho que apareça sacudindo algumas notas de cinqüenta. O homem, ao procurar uma delas, deve ter em mente que, acima de tudo, é o respeito que vai garantir o sucesso do programa.
Por isso, se você é um cliente contumaz desses serviços, lembre-se: um bom banho, um perfume, hálito agradável e uma conversa fluente podem transformar sua garota de programa numa companhia bastante especial no fim de noite.
Se você nunca se arriscou a gastar algum dinheiro com um programinha e agora acha que já é hora, saiba que a Internet está cheia de endereços que podem levar você ao delírio com as mais sedutoras e simpáticas meninas. Sabendo escolher, não vai faltar garota pra você.