REPORTAGEM
Subterrâneos femininos
Clitóris, zona erógena, grelo. Chame por qualquer nome, mas toque, lamba e conheça o orgasmo feminino!
por Graziele Marronato
A discussão sobre o clitóris e suas maravilhas é mais antiga do que se poderia imaginar – mas ganhou força mesmo com Sigmund Freud. Para o pai da psicanálise, o orgasmo vaginal, ou seja, o que se dá na vagina em vez do clitóris, era o mais maduro e completo da mulher. A maior parte das mulheres, no entanto, é obrigada a discordar tanto devido a suas experiências pessoais quanto graças ao fato de que, afinal, Freud nunca teve um clitóris ou uma vagina para comprovar, na prática, sua tese.
O bendito clitóris
Assim, antes de concluir algo a respeito, é preciso definir clitóris. Basicamente, é uma área erógena feminina destinada à obtenção do orgasmo – e não é exagero defini-lo por isso. Em seu livro The Clitoral Truth, a norte-americana Rebecca Chalker, por exemplo, defende justamente que, diferentemente do pênis masculino, o clitóris, na mulher, atende somente à necessidade de garantir prazer, desde que se saiba mexer com ele.
Aspectos anatômicos
Contudo, antes de mexer no dito-cujo, é necessário reconhecê-lo embaixo de qualquer penugem que se disponha a ser tocada e acariciada.
Em sua parte mais externa, o clitóris tem o tamanho de um dedo pequeno. Em média, tem 2 cm de comprimento e de 8 a 3 mm de circunferência, que comportam cerca de 6 mil fibras nervosas, tornando-o altamente sensível a diferentes tipos de estimulação. Portanto, frise-se, há um grande erro dos anatomistas, que sempre trataram o clitóris como um botão, e não como uma pirâmide!
Em “A relação anatômica entre a uretra e o clitóris”, artigo publicado no Journal of Urology, a urologista australiana Helen O’Connel revela que, por ser uma estrutura complexa e tridimensional, o clitóris é um minipênis no corpo da mulher e, como tal, fica duro, intumescido, ereto.
O corpo do clitóris se liga a duas hastes em “V” que, como o próprio órgão, são formadas de tecido erétil e que se alinham com o ramo ísquio-púbico – os ossos em “V” que se encaixam no selim da bicicleta.
Para O’Connel, sua descoberta sobre a anatomia feminina irá evitar que mulheres possam sofrer irreparáveis danos a suas funções sexuais durante cirurgias na região pélvica. Segundo ela, a descoberta do “clitóris em 3D” também pode auxiliar homens a brincar com ele muito melhor e a entender que o botãozinho é uma extensão da vagina. “Acho que, se você tentar separá-los, estará partindo uma árvore em duas – eles são frutos, claramente, de uma e da mesma estrutura”, diz a urologista.
Conhecer por dentro
Não é só para os homens, porém, que o clitóris é um mistério. Para algumas mulheres, o “grelo” é uma grande dúvida, senão fonte de agonia. A ginecologista Magda Martins relata que “quase nenhuma paciente fala sobre o clitóris quando a queixa é disfunção sexual”.
A maioria, de acordo com a doutora, queixa-se ou de falta de libido ou de cansaço e solicita uma vitamina, além de insistir “que o ginecologista relacione e investigue problemas hormonais”, diz Magda. Poucas relacionam seus problemas sexuais com a falta de conhecimento sobre o próprio corpo.
Apenas uma pequena parte chega ao consultório com coragem de falar sobre o assunto, pergunta onde fica o clitóris e confessa que nunca se masturbou. “A partir daí, eu traço o perfil e percebo que a paciente não conhece seu potencial sexual e nunca foi bem estimulada”, explica a médica.
Chupadas e estimulantes
Felizmente, nem todas as mulheres têm um conhecimento tão curto sobre sua fonte de prazer. Que o diga Samantha Pereira, que encontrou mais dificuldade em explicar aos namorados por onde ir do que para chegar “lá”: “Tentei inutilmente explicar a alguns parceiros por que queria transar em determinadas posições ou com determinados movimentos”, diz ela, que prefere orgasmos clitorianos. “Já consegui ter os dois juntos [NR: vaginal e clitoriano], o que é melhor ainda – mas digamos que exige boa vontade do parceiro”, complementa.
De acordo com Dra. Magda, para estimular o “clit”, nada melhor que um bom oral ou o estímulo externo com o pênis em posição adequada. Na opinião de Samantha, qualquer movimento ritmado – com a língua, dedo, vibrador – é perfeito para se excitar e gozar muito: “Gosto quando a estimulação é misturada com outras carícias. Para ser perfeita, acho que tem de ser sem muita força, mas firme”.
Prazer feminino
Masturbação: dedos são importantes. Os seus e os dela. Se for estimulá-la, lembre-se de que não está mexendo em um transistor. Seu dedo deve ser firme, e não forte. Mesclar a penetração do dedo com movimentos rápidos e precisos no clitóris também é uma ótima. Outra: se ela não tiver encanações, seus beijos vão levar os dedos dela a se instalarem lá mesmo. Estimule-a com chupadas nos mamilos, no pescoço e onde mais preferir;
Sexo oral: a língua é a la Che Guevara: firme, mas delicada, lambendo e chupando o clitóris (obviamente);
Ela por cima: é uma das melhores posições para estimular o clitóris na parte superior;
Sentados e encaixados: variação do “ela por cima”, com a vantagem de o contato corporal ser maior.