CONTO ERÓTICO
Tesão em alto-mar
por Maristela Martins
Era meu penúltimo encontro com minha namorada. Não sabia quando a veria de novo, mas difícil seria o último encontro: não transaria nem dormiria direito só de pensar que, depois dele, ela seria do mundo – mas o penúltimo, ah, ele me parecia a forma mais agradável de se passar o tempo no mundo. Deitada com ela, a tevê ligada, só programas de sexo na GNT.
– Você que é meu tesão – dizia eu, com uma voz “derretida”. Pa-recia que eu tinha procurado a vida to-da por algo. Agora via que este algo era exatamente o que todos procuram: alguém que te faça “derreter”.
Ela não estava nem aí para os programas. Só queria me beijar e me apalpar dentro daquela cabine, enquanto eu ainda era dela – mas não reclamava da minha atenção àquele vasto repertório televisivo que exibia desde o que de melhor havia em Amsterdã às histórias mais bizarras de personagens ingleses.
Peladas na cama, sentindo a pele quente dela que me distraía do ar condicionado no último dentro da cabine do navio – ai, como ela sentia calor! –, eu era tão dela quanto ela minha. A diferença é que ela sabia disso, e eu, com minha insegurança peculiar, precisava ouvir o quanto ela me amava.
– Pode me pegar, meu amor. Sou toda sua! – dizia ela.
E como eu pegava toda vez que ouvia! Era como uma autorização de que precisava para tocar seus seios e chupar seus mamilos, aninhada entre suas pernas.
– Me come, meu amor – pediu minha ruivinha.
Então, comecei a comê-la. Comer a boca também, como falavam os argentinos em sua viagem. Mais fundo eu enfiava meus dedos por entre a pelugem castanho-avermelhada. Com mais viço, ela gemia.
Era a primeira vez que se soltava tanto pra mim. Ela me queria, e eu sabia porque começou a cantar, e minha ruivinha só canta de alegria. Fosse o balanço do mar, fosse o salmão da ceia no navio, fosse, quem sabe, apenas eu a provocar tamanha alegria... O importante é que ela estava feliz.
Parei com aquele ritmo por alguns segundos para provar sua chaninha, que já sentia molhada. Não há nada melhor na cama com uma mulher do que prová-la toda.
– Ai, meu amor. Queria tanto que você gozasse assim... – desabafei.
Só ela sabia se tocar direitinho, e eu amava perder horas chupando cada biquinho, pegando, sentindo, beijando e alterando o ritmo para entender do que ela gostava mais.
No fim, por mais que ela conseguisse estender o “prazer-não-prazer”, sempre tudo me parecia rápido demais – e foi assim que ela gozou e, toda sensível, me afastou um pouco para me jogar aquele olhar de moleca que aprontou muito e que precisava descansar.